Tutores comumente carregam culpa pelo comportamento ruim de seus pets. A maioria deles chega aos nossos consultórios já se declarando culpados. Sabe por quê? Porque os parentes, os amigos, o Dr Google e, eventualmente, até algum profissional afirmou que a culpa era deles. Engano, deletério engano, fuja dele!
Quem trabalha com Etologia Animal sabe da complexa rede multifatorial que determina os comportamentos. Não há natureza versus criação, mas sim natureza + criação, na determinação de como somos, nós e eles. Os genes não determinam mas regulam processos fisiológicos que regem comportamentos, assim como também faz o ambiente, físico e social. Todos esses fatores agem em conjunto e de formas muito menos previsíveis do que imaginamos.
Sim, há condutas dos tutores que nos parecem deflagrar, intensificar ou, de fato, causar condutas inapropriadas pelos pets, mas isso não é tudo, há outros influenciadores, internos e externos, com maior ou menor grau de culpa. Não temos como pesar a culpa exata de genes, neurotransmissores, hormônios, ambiente, tutor. E, mesmo que tivéssemos, e soubéssemos que, naquele caso, a culpa do humano é a mais pesada, culpá-lo não seria um bom caminho.
Se você é profissional e ainda usa o clichê “a culpa é do dono”, não irei culpá-lo, pois a culpa te fará sentir mal, talvez te paralisará e não te permitirá mudar. Apenas mude e auxilie seu cliente a mudar também. Tutores, pets e a terapia comportamental agradecem!
Texto e ilustração da Dra Dani Ramos. Se for compartilhar, não esqueça de creditar. Obrigada! ”