A pergunta do milhão é conhecida, mas ninguém parece capaz de respondê-la: por que ele se comporta assim?
Sobra culpa pro tutor, pra família, para os traumas da vida e até para os genitores do pet, mas a resposta do milhão não é alcançada nunca. Isso acontece porque não existe uma única resposta, mas sim níveis de explicação!
Um dos grandes nomes da Etologia, o holandês Nikolaas Tinbergen, vencedor do prêmio Nobel de Medicina em 1973, já propunha quatro níveis complementares de explicação para se atingir um entendimento do porquê (ou melhor, dos porquês!) dos comportamentos: filogenia, adaptação, mecanismo e ontogenia.
Tinbergen não estudava comportamento canino nem felino, mas seus “4 porquês” servem para compreender qualquer ser vivo. Se um cão come fezes há razões para isso: outros canídeos fazem coprofagia (“filogenia”) e comer fezes pode conferir valor, de sobrevivência inclusive (“coma fezes e não morrerás de fome”) a quem o pratica (“adaptação”). Estados físicos que aumentam o apetite, por exemplo, podem induzir coprofagia (“mecanismo”), assim como um animal crescido em ambiente limitado e restrito pode desejar diariamente comer suas fezes (“ontogenia”).
Pois é, não há um culpado, na verdade não devemos caçar culpados, mas compreender processos. Sim, trataremos a coprofagia, mas não sem compreender fundamentos da Etologia!