COMPORTAMENTO ANIMAL APLICADO: divergências de abordagem, não de objetivos e intenções

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O estudo do Comportamento Animal não surgiu num momento ou área únicos, ao contrário, desde o seu início e florescimento (meados do século XX), grandes nomes, em diferentes disciplinas, impulsionaram o estudo do comportamento, tendo focos e objetivos bastante distintos.

Etologia, Psicologia Comparada e Behaviorismo são disciplinas que igualmente impulsionaram o estudo do Comportamento Animal, porém com visões bastante distintas. Enquanto behavioristas mostravam-se focados em estudos laboratoriais e bastante interessados em processos comuns de aprendizagem, dando menos ênfase nos processos mentais tais como consciência ou estados afetivos, etólogos concentraram seus esforços em estudos com animais em seus ambientes naturais, dando ênfase aos comportamentos típicos das espécies sob à luz da evolução e das relações filogenéticas. Psicólogos Comparativos tinham um enorme interesse em aprendizagem e fenômenos psicológicos, tal como os behavioristas, porém com foco em comparações e explicações do comportamento humano.

Pulando para tempos recentes, dependendo de onde se estudou, qual daquelas disciplinas se cursou ou, mais ainda, com qual delas mais se simpatizou, é esperado que profissionais do Comportamento Animal difiram em suas abordagens e argumentos. Alguns parecem falar em nome do Behaviorismo, outros da Etologia; pensando nos veterinários comportamentalistas, há os que falam em nome de uma Psiquiatria Veterinária, enfatizando normalidade versus anormalidade, o que traz alguns problemas também, mas isso é tema para um próximo blog.

Independente de qual seja a sua “espinha dorsal”, ou seja, a disciplina que te impulsiona, é necessário conhecê-la por inteiro, seus conceitos e abordagens, suas referências e inspirações e, principalmente, suas atualizações, já que de lá pra cá todas elas se atualizaram bastante; inclusive, a integração delas seria uma abordagem ainda mais interessante.

Dito isso, discussões atuais em torno do “positivo” versus “aversivo”, “psiquiatra vet” versus “etólogo veterinário” me parecem superficiais pois, na verdade, refletem outras divergências, de abordagem, não de índole ou intenções, afinal, todos concordam que ninguém quer resolver problemas ao preço de traumatizar ou dopar os animais. Talvez um melhor caminho para amenizar os conflitos e facilitar as trocas entre profissionais seria começar mudando o foco das conversas para disciplina, referências, inspirações, atualizações e abordagens. Afinal, qual é a sua?

” Texto e ilustração da Dra Dani Ramos. Se for compartilhar, não esqueça de creditar. Obrigada! ” 

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